“A Dona da Pensão”: livro de Leandre Dal Ponte revela histórias reais de fé, acolhimento e resistência em meio à luta pela vida

A força da esperança, o impacto do acolhimento e a urgência da solidariedade são os elementos centrais que movem “A Dona da Pensão”, obra memorial e testemunhal de Leandre Dal Ponte.

O livro reúne capítulos construídos a partir de vivências reais que, durante anos, ocuparam as mesas, corredores e calçadas da Ideal. São relatos de mães que enfrentaram diagnósticos devastadores, de idosos que chegaram sozinhos, de crianças que lutaram pela vida com a força de gigantes.

Logo nas primeiras páginas, Leandre revela que o livro nasceu do desejo de registrar histórias que, embora cotidianas, são extraordinárias. “Percebi que cada pessoa que passava pela Casa trazia consigo uma força que eu mesma precisava preservar em palavras. Eram pequenas histórias que, juntas, formavam uma grande colcha de esperança”, resume.

Muito além de registrar episódios marcantes, a obra se propõe a iluminar um Brasil que permanece invisível aos olhos de muitos: o das famílias que enfrentam longas jornadas em busca de atendimento, lidando não apenas com a doença, mas com a burocracia, o medo e a sensação de abandono.

“A pensão é uma metáfora da vida: um lugar de passagem, encontros e recomeços. Ali, percebi que cuidar é o verbo mais revolucionário que existe”, afirma Leandre Dal Ponte, ao descrever o ambiente que inspirou o título da obra.

A esperança como força vital

Leandre relata que, ao presenciar tantas batalhas pela vida, compreendeu que a esperança é mais do que um sentimento: é uma energia capaz de mover as pessoas mesmo diante dos diagnósticos mais duros.

Em capítulos como o da família Santos, que enfrentou a longa e dolorosa internação da pequena Raquel, o livro mostra como essa força se manifesta, mesmo quando a lógica diz que não há mais saídas. “Quem vive a luta diária pela vida aprende que a esperança não é luxo; é sobrevivência”, reflete a autora.

Histórias como a de Tânia, que venceu um câncer em meio ao medo, à vulnerabilidade e ao amor incondicional pelo filho, ilustram que a vida insiste em renascer, mesmo quando tudo parece ruir. “As histórias que a Ideal acolheu me ensinaram que Deus nos surpreende quando menos esperamos, e que a coragem se revela no passo seguinte, mesmo quando não vemos o caminho”, afirma Leandre.

Acolher como ato político e espiritual

Embora inspirada em vivências profundamente pessoais, a obra ultrapassa o campo íntimo e assume contornos sociais e políticos. O livro expõe, com honestidade e sensibilidade, a realidade de um sistema de saúde que muitas vezes falha em oferecer respostas no tempo necessário.
“Não adianta dourar a pílula: há problemas sérios e urgentes. Este livro é real, feito de histórias verdadeiras de gente de carne e osso”, diz a autora no prólogo, ao apontar a necessidade de empatia e comprometimento público para transformar a vida daqueles que mais precisam.

Ao mesmo tempo, “A Dona da Pensão” é um tributo ao poder do cuidado e da compaixão. Leandre descreve a Ideal como um espaço onde a fé convive com a democracia, a burocracia perde para a gratidão e o acolhimento vence a indiferença.
“Sempre senti que recebia muito mais do que oferecia. Cada abraço, cada olhar de força, cada prece compartilhada me ensinava sobre a grandeza de viver para o outro”, afirma.

Testemunhos que se transformam em legado

Com narrativas que passam pela dor, alegria, perda, renascimento e descoberta, a obra convida o leitor a entrar em um universo onde as histórias se entrelaçam como retalhos de uma grande colcha humana, metáfora usada pela própria autora ao longo do livro.
O texto também funciona como denúncia, memória e homenagem: denuncia o descaso, preserva vivências que não podem ser esquecidas e honra cada pessoa que encontrou na Casa Ideal um porto seguro, ainda que temporário.

Em suas páginas, Leandre deixa claro que escrever foi um dever afetivo e moral:
“Senti que precisava registrar essas histórias para que outras pessoas entendessem a urgência de cuidar. Cuidar salva. Cuidar transforma. Cuidar nos humaniza”.

Uma obra para quem acredita no poder do encontro

A Dona da Pensão emociona, questiona e inspira. É um livro sobre saúde, mas também sobre fé. Sobre dor, mas também sobre renascimento. Sobre burocracia, mas sobretudo sobre humanidade. Ao misturar memórias pessoais, relatos de pacientes e reflexões espirituais, a obra reafirma valores universais.

Mais do que narrar dramas individuais, Leandre Dal Ponte constrói uma obra que convoca o leitor a enxergar o outro e a si mesmo com novas lentes.
“A sombra da árvore que acolhe viajantes é a mesma que nos ensina que todos somos passageiros nesta vida. Só vale a pena a caminhada quando a fazemos juntos”, conclui a autora.

Sobre a autora

Leandre Dal Ponte é deputada federal pelo Paraná, secretária de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, e uma referência nacional na defesa de políticas públicas voltadas à justiça social, saúde, proteção das mulheres e cuidado com os idosos. É fundadora da Casa de Apoio Ideal, instituição que acolheu milhares de pessoas em tratamento de saúde ao longo de 25 anos. Sua trajetória é construída sobre o compromisso com o acolhimento, o respeito e a valorização da vida, valores que agora compartilha com o público através de "A Dona da Pensão".